Saúde no prato
Atualmente, com o avanço do conhecimento nomeadamente na área das Ciências da Nutrição sabemos que a alimentação é a base da saúde (ou da doença) humana. Hipócrates (460 a.C.), considerado por muitos o pai da medicina, proferia há 2500 anos atrás “Que o teu alimento seja teu remédio e que o teu remédio seja teu alimento”.
No mesmo sentido, Brillat-Savarin, autor da obra “Fisiologia do Gosto” (Physiologie du Goût – 1ª edição dezembro de 1825) e pioneiro das dietas hipoglucídicas, afirma “Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és”!
Só os alimentos são capazes de nos fornecer os nutrientes que nos dão a energia necessária para lidar com as atividades diárias e para manter o nosso corpo a funcionar.
Para sermos “saudáveis” e para conseguirmos, diariamente, ter um desempenho físico e psíquico ideal, é fundamental que sigamos uma dieta variada, completa e equilibrada, que se consegue através de uma combinação ideal e eficaz de alimentos, a fim de consumir os nutrientes adequados a cada fase do ciclo de vida, de acordo com a idade, o sexo, a individualidade bioquímica e metabólica, o nível de atividade física e as condições psicológicas.
The_china_studyMuito recentemente esteve em Portugal o Prof. Colin Campbell, responsável pelo “The China Study”, que representa o maior estudo epidemiológico feito até agora e que objetivou analisar os efeitos decorrentes da alimentação e do estilo de vida na saúde. “The China Study” produziu mais de 8.000 associações significativas entre diversos fatores alimentares e várias doenças, aferindo uma relação entre alimentação, estilo de vida e doenças degenerativas modernas, como o cancro e a diabetes.
Há muito que se sabe que muitas doenças estão diretamente relacionadas com uma má alimentação mantida ao longo dos anos: o aumento alarmante de obesidade, doenças cardiovasculares, muitos tipos de cancro, osteoporose, hipertensão e diabetes tipo II são apenas alguns exemplos.
O equilíbrio dos macronutrientes – proteínas, hidratos de carbono e gorduras – é a palavra-chave. Uma alimentação saudável, equilibrada e promotora da saúde passa por combinar corretamente os três macronutrientes: nem a mais, nem a menos!
As proteínas desempenham um papel estrutural, de construção e regeneração dos tecidos, de transporte de nutrientes e de cofatores em muitas reações bioquímicas e metabólicas. São, por isso, imprescindíveis!
As gorduras fornecem energia, atuam como mensageiros e ajudam as proteínas a desempenhar as suas funções orgânicas. Desempenham um papel importante no controlo do crescimento, no transporte, armazenamento e absorção de muitos nutrientes, nos sistemas imunitário, reprodutor e cardiovascular, participando em inúmeras reações metabólicas.
Os hidratos de carbono são a fonte preferencial de energia usada pelo organismo. Dividem-se em simples e complexos e estes últimos desempenham um papel muito importante no controlo do nível de açúcar no sangue (glicemia) e no equilíbrio do binómio fome/saciedade, sendo por isso fundamentais em qualquer padrão alimentar.
Na realidade, não basta combinar estes três macronutrientes de forma correta: é importante também saber escolher o tipo de alimentos que vamos consumir. Isto porque existem muitos tipos de proteínas, gorduras e hidratos de carbono e nem todos representam boas escolhas alimentares.
Além dos macronutrientes, existem as vitaminas, os minerais, as fibras e a água que, embora sejam nutrientes, não fornecem energia, mas são imprescindíveis ao bom funcionamento do organismo.
As vitaminas e os minerais têm propriedades antioxidantes e, a longo prazo, podem evitar um grande número de perturbações, incluindo a aterosclerose, a infertilidade e o cancro. Estes micronutrientes estão presentes em quantidades diferentes em diversos alimentos e, por isso, a dieta a seguir deve ser o mais variada possível. flora-intestinal
A fibra deve ser vista como um componente fundamental da dieta, já que o consumo regular da dose diária recomendada influi diretamente na saúde intestinal, que por sua vez impacta em muitos dos outros sistemas, nomeadamente no imunitário.
Diversos estudos evidenciam e comprovam a relação causal que existe entre a microbiota intestinal e a saúde. Sabemos, inclusivamente, que um microbioma intestinal pobre e desequilibrado pode estar na origem de diversos distúrbios orgânicos, entre os quais o excesso de peso, alguns tipo de cancro e algumas doenças degenerativas e metabólicas. Volto, sobre este assunto, a referir a sabedoria de Hipócrates que no seu tempo afirmou que “todas as doenças começam no intestino“.
A dieta ou padrão alimentar deve, obrigatoriamente, ajustar-se ao gasto energético diário: um indivíduo de 50 anos que está sentado na secretária das 9h às 17h não pode consumir o mesmo que um rapaz de 23 que pratica exercício físico 5 vezes por semana.
A dieta deve adaptar-se ao estilo de vida, às preferências individuais e culturais e ao estado de saúde ou doença dos indivíduos. Além disso, por exemplo, há pessoas que têm um ótimo metabolismo dos hidratos de carbono, outras nem por isso. São estas as razões pelas quais, em caso de necessidade de prescrição dietética (perda de peso, diabetes mellitus 1 ou 2, colesterol elevado, doença renal, alergia / intolerância alimentar, …) é fundamental consultar um especialista (Dietista / Nutricionista) porque só estes profissionais estão habilitados a analisar cada caso e a adaptar as necessidades dietéticas de acordo com as necessidades.
As consequências de uma má alimentação representam 6 dos 7 fatores de risco para a morte prematura: a pressão arterial, colesterol elevado, índice de massa corporal baixo ou elevado, a ingestão insuficiente de frutas e legumes, o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool.
Assim:
- Se se preocupa com a sua saúde?
- Se pretende fazer uma alimentação mais saudável?
- Se está doente e quer melhorar o seu bem estar?
- Se tem peso a mais ou a menos?
- Se já fez várias dietas sozinho/a e desistiu?
Se a resposta a alguma das perguntas foi positiva, talvez esteja na altura de procurar um Dietista/nutricionista!